Oficinas da Embrapa Acre fortalecem comunidade indígena em Mâncio Lima
- 10/08/2024
- 0 Comentário(s)
Na sexta edição do Festival Atsa Puyanawa, realizado no mês de julho em Mâncio Lima (AC), destacou a importância da mandioca na cultura local e reuniu a comunidade indígena Puyanawa em uma série de oficinas promovidas pela Embrapa Acre. O evento, que celebra um dos alimentos mais consumidos na região, abordou temas como segurança alimentar, uso de GPS e gestão territorial da Terra Indígena Puyanawa (TI), em parceria com diversas instituições.
O chefe-geral da Embrapa Acre, Bruno Pena, que esteve presente no festival, destacou a longa parceria com o povo Puyanawa. “Há mais de 15 anos, trabalhamos juntos em projetos que envolvem desde sistemas agroflorestais até a cultura da mandioca. Nosso objetivo é fortalecer a autonomia na produção de alimentos e garantir a segurança alimentar dessa comunidade”, afirmou Pena.
Oficinas de Monitoramento e Gestão Territorial
A primeira oficina, sobre o uso de GPS para monitoramento e gestão territorial, foi ministrada por Nilson Bardales, bolsista da Embrapa Acre, e Lucas Puyanawa, agente agroflorestal da aldeia Barão. A atividade focou no uso de tecnologia para monitorar desmatamentos, queimadas e ocupações ilegais dentro da TI. Eufran Amaral, pesquisador da Embrapa Acre e líder do projeto, elogiou o comprometimento dos Puyanawa com a preservação ambiental. “Eles são um exemplo de resistência ao desmatamento e conservação da natureza”, destacou Amaral.
A segunda oficina tratou do Plano de Gestão Territorial e Ambiental da Terra Indígena Puyanawa, onde lideranças e jovens discutiram as metas para áreas como saúde, educação e cultura. “Com o projeto Puya, estamos inserindo o tema das mudanças climáticas no plano de gestão, uma questão que afeta especialmente as populações mais vulneráveis”, explicou Amaral.
Nutrição e Saúde
As nutricionistas Eline Messias, da Ufac, e Katia Regina Reche acompanharam o trabalho de produção de alimentos durante o festival, avaliando as receitas tradicionais e os processos de produção. O objetivo foi incentivar o consumo de alimentos nutritivos e planejar um cardápio tipicamente puyanawa para futuras edições do festival.
Nilza Puyanawa, uma das cozinheiras do evento, elogiou as orientações recebidas. “Aprendemos a preparar pratos mais saudáveis e bonitos, que agradam mais os consumidores”, disse.
As nutricionistas também realizaram uma avaliação nutricional de 10% da população Puyanawa, com foco em questões relacionadas ao sobrepeso e à saúde. Os resultados foram compartilhados com a comunidade, promovendo um diálogo sobre a importância da nutrição adequada.
Tecnologia para Conservação Ambiental
Uma das oficinas, ministrada pela pesquisadora Lucieta Guerreiro Martorano, da Embrapa Amazônia Oriental, abordou o uso de termografia no infravermelho para identificar variações térmicas em diferentes tipos de solo. A atividade, realizada no Campus Floresta da Ufac em Cruzeiro do Sul, destacou a importância da conservação das áreas florestais para a manutenção dos corpos d’água, como o rio Moa, que sofreu uma queda significativa no nível de água durante o período de seca.
Martorano ressaltou que os sistemas agroflorestais, promovidos pela Embrapa, imitam os serviços ecossistêmicos das florestas, melhorando a oferta de alimentos e a qualidade da água, e permitindo aos Puyanawa acesso a benefícios pela Lei de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA).
Parcerias e Resultados
O projeto “Gestão territorial, boas práticas de produção e sociobiodiversidade entre os Puyanawa (PUYA)”, que integra as atividades do festival, é realizado pela Embrapa Acre em parceria com a Funai, Ufac, Sema, Seagri, Prefeitura de Mâncio Lima, Ifac e Ipam. Essas ações buscam fortalecer a comunidade indígena e garantir a preservação da cultura e do meio ambiente na região.
Por jurua24horas